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sexta-feira, 19 de abril de 2013

ciclo inicial de alfabetização


Crianças ainda terminam o 3º ano sem ler e escrever



De acordo com o Censo, 15% doalunos ainda não estão alfabetizados aos 8 anos; para vencer o problema, governo federal acaba de lançar programa que destina verbas a estados e prefeituras para que melhorem a qualidade do ensino nos primeiros anos
Tatiana Beltrão
Garantir que todas as crianças estudantes de escolas públicas brasileiras sejam alfabetizadas até o final do 3º ano (antiga 2ª série) do ensino fundamental, aos 8 anos, é o objetivo do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, lançado pelo governo federal neste mês. Cursos de formação para cerca de 360 mil professores e avaliações nacionais periódicas estão entre as principais ações, a serem implementadas pelos estados e municípios com apoio técnico e financeiro do governo federal.
A medida provisória que institui o apoio aos entes federados que aderirem ao pacto (MP 586/12) está em análise no Congresso. Na última semana, foi designada a comissão de senadores e deputados que avaliará a medida. O relatório, do senador Eduardo Amorim (PSC-SE), deve ser apresentado à comissão mista na próxima semana.
Depois, a MP será votada pelos Plenários do Senado e da Câmara.
Alfabetizar na idade certa ainda é um desafio no Brasil. Dadodo Censo 2010 indicam que 15,2% das crianças brasileiras não sabem ler nem escrever aos 8 anos. O problema se mostra ainda mais complexo quando se consideram os resultados por região: no Norte, o índice chega a 27,3%, e no Nordeste, a 25,4% — uma desigualdade brutal em relação à Região Sul, que apresenta as melhores taxas do país, com 5,4% de crianças não alfabetizadas na faixa etária adequada
Outros estudos confirmam as deficiências do ensino no ciclo de alfabetização. A Prova ABC (Avaliação Brasileira do Final doCiclo de Alfabetização), aplicada em 2011 a 6 mil estudantes do 3ºano do ensino fundamental, revelou que apenas 56,1% aprenderam o que era esperadoem leitura; em matemática, só 42,8%.
prova revelou também a grande variação de desempenho entre regiões do país e entre escolas públicas e privadas.
Exclusão social
Reduzir a desigualdade para garantir mais oportunidades às crianças das escolas públicas é o mérito do pacto, acredita a senadora Ângela Portela (PT-RR).
— Ele busca diminuir as diferenças na alfabetização, e isso é de extrema relevância porque a insuficiência de aprendizado é raiz da exclusão social, intelectual, econômica e cultural — afirmou, ressaltando que a ação deve ser acompanhada do esforço dogovernos para ampliar as vagas na educação infantil.
Vice-presidente da comissão mista que analisa a MP, o senador Gim Argello (PTB-DF) destaca a destinação de recursos federais para a consecução das metas de alfabetização. O investimento inicial é de R$ 2,7 bilhões (R$ 1,1 bilhão em 2013 e R$ 1,6 bilhão em 2014), que serão repassados aos estados e municípios que aderirem ao pacto. O dinheiro vai financiar os cursos de formação, com pagamento de bolsas aos professores e aos orientadores, e a realização das avaliações anuais, entre outros itens.
— As redes estaduais e municipais são as maiores responsáveis pela alfabetização das crianças. O estímulo é importantíssimo — diz Gim.
Para o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), porém, o pacto é “bem-intencionado, mas insuficiente”.
— Podemos conseguir nivelar um pouquinho, obter algum pequeno avanço, como outros pequenos avanços que vimos obtendo na educação. Mas não vamos diminuir o imenso desnível educacional que temos. Esse problema exige mais que um simples pacto — critica.
Cristovam defende uma mudança mais profunda no sistema educacional, em que o governofederal assumiria a educação básica (hoje, apenas o ensino superior é responsabilidade da União). Só assim, acredita, seria possível superar a desigualdade e garantir um padrão de qualidade a todas as escolas públicas. As propostas integram o projeto do Sistema Nacional de Conhecimento e Inovação, elaborado pelo senador.

nep debate modelo de avaliação externa para o 3º ano do ensino fundamentalModelo prevê que todas as crianças das escolas públicas deverão ser alfabetizadas em português e matemática até os 8 anos de idade


Publicação: 29/03/2013 11:07 Atualização:

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) reuniu essa semana especialistas e integrantes de movimentos sociais ligados a alfabetização para debater o modelo da avaliação externa que será aplicada pelo instituto no 3º ano do ensino fundamental. O período escolar é o último ano do ciclo de alfabetização que compreende o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic), cuja medida provisória foi aprovada esta semana pelo Senado Federal.

O Pnaic prevê que todas as crianças das escolas públicas deverão ser alfabetizadas em português e matemática até o final do terceiro ano do ensino fundamental, aos 8 anos de idade. Mais de 90% dos municípios brasileiros aderiram ao programa. Para avaliar a evolução do pacto, o texto do Pnaic prevê três eixos de avaliação: o primeiro, realizado continuamente pelos professores junto aos alunos e que deve ser debatido no curso de formação de dois anos para os professores alfabetizadores; o segundo eixo é a Provinha Brasil, já realizada no início e no final do 2º ano; por fim, a avaliação externa.

letramento digital


Aprender a aprender


alfabetização



ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO SEGUNDO MAGDA SOARES


Alfabetização
       É tomar o indivíduo capaz de ler e escrever. A alfabetização se ocupa da aquisição da escrita, por um indivíduo ou grupo de indivíduos. É o processo pelo qual se adquire o domínio de um código e das habilidades de utilizá-lo para ler e escrever, ou seja: o domínio da tecnologia, técnicas para exercer a arte e ciência da escrita.
      A alfabetização é um processo no qual o indivíduo assimila o aprendizado do alfabeto e a sua utilização como código de comunicação. Esse processo não se deve resumir apenas na aquisição dessas habilidades mecânicas (codificação e decodificação) do ato de ler, mas na capacidade de interpretar, compreender, criticar e produzir conhecimento. A alfabetização envolve também o desenvolvimento de novas formas de compreensão e uso da linguagem de uma maneira geral.
      Ela tem sido entendida tradicionalmente como um processo de ensinar e aprender a ler e escrever, portanto, alfabetizado é aquele que lê e escreve. O conceito de alfabetização para Paulo Freire tem um significado mais abrangente, na medida em que vai além do domínio do código escrito, pois, enquanto prática discursiva possibilita uma leitura crítica da realidade, constitui-se como um importante instrumento de resgate da cidadania e reforça o engajamento do cidadão nos movimentos sociais que lutam pela melhoria da qualidade de vida e pela transformação social. Ele defendia a idéia de que a leitura do mundo precede a leitura da palavra, fundamentando-se na antropologia: o ser humano, muito antes de inventar códigos lingüísticos, já lia o seu mundo.
       A alfabetização de qualquer indivíduo é algo que nunca será alcançado por completo, ou seja, não há um ponto final. A realidade é que existe a extensão e a amplitude da alfabetização no educando, no que se diz respeito às práticas sociais que envolvem a leitura e a escrita. Nesse âmbito, muito estudiosos discutem a necessidade de se transpor os rígidos conceitos estabelecidos sobre a alfabetização, e assim, considerá-la como a relação entre os educandos e o mundo, pois, este está em constante processo de transformação.

Letramento
        O termo letramento tem sido utilizado atualmente por alguns estudiosos para designar o processo de desenvolvimento das habilidades de leitura e de escrita nas práticas sociais e profissionais. Por que esse termo surgiu? Segundo alguns autores, a explicação está nas novas demandas da sociedade, cada vez mais centrada na escrita, que exigem adaptabilidade às transformações que ocorrem em ritmo acelerado, atualização constante, flexibilidade e mobilidade para ocupar novos postos de trabalho. Os defensores do termo "letramento" insistem que ele é mais amplo do que a alfabetização ou que eles são equivalentes.
        Letramento é uma tradução para o português da palavra inglesa "literacy" que pode ser traduzida como a condição de ser letrado. A palavra letramento ainda não está dicionarizada, porque foi introduzida muito recentemente na língua portuguesa, tanto que quase podemos datar com precisão sua entrada na nossa língua, identificar quando e onde essa palavra foi usada pela primeira vez.
Parece que a palavra letramento apareceu pela primeira vez no livro de Mary Kato: No mundo da escrita: uma perspectiva psicolinguística, de 1986.
        Letramento é o estado ou a condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como conseqüência de ter-se apropriado da escrita. É usar a leitura e a escrita para seguir instruções (receitas, bula de remédio, manuais de jogo), apoiar à memória (lista), comunicar-se (recado, bilhete, telegrama), divertir e emocionar-se (conto, fábula, lenda), informar (notícia), orientar-se no mundo (o Atlas) e nas ruas (os sinais de trânsito).
        É o resultado da ação de ensinar e aprender as práticas sociais e da escrita, ou seja, um conjunto de práticas sociais, que usam a escrita, enquanto sistema simbólico, enquanto tecnologia, em contextos específicos da escrita denomina-se letramento que implica habilidades várias, tais como: capacidade de ler e escrever para atingir diferentes objetivos, permitir que o sujeito interprete, divirta-se, seduza sistematize, confronte, induza, documente, informe, oriente-se, reivindique, e garanta a sua memória, garantindo-lhe a sua condição diferenciada na relação com o mundo. Compreender o que se lê.
       Na ambivalência dessa resolução conceitual, encontra-se o desafio dos educadores em face do ensino da língua escrita: o alfabetizar letrando. Desenvolvendo a necessidade de associar a teoria e prática.
O letramento tem início quando a criança começa a conviver com as diferentes manifestações da escrita na sociedade e se amplia cotidianamente por toda vida, com a participação nas práticas sociais que envolvem a língua escrita. Abraçar as mais diversas práticas de escrita na sociedade e pode ir desde uma apropriação mínima da escrita, tal como o indivíduo que é analfabeto, mas letrado na medida em que identifica o valor do dinheiro e o ônibus que deve tomar, consegue fazer cálculos complexos, sabe distinguir marcas de mercadorias etc., porém não escreve cartas, não lê jornal, etc. Se a crianças não sabe ler, mas pede que leiam histórias para ela, ou finge estar lendo um livro, se não sabe escrever, mas faz rabiscos dizendo que aquilo é uma carta que escreveu para alguém, é letrada, embora analfabeta, porque conhece e tenta exercer, no limite de suas possibilidades, práticas de leitura e de escrita.
      Para dizer que uma pessoa é letrada é quando faz uso das habilidades de ler e escrever inserindo um conjunto de práticas sociais, não apenas no conhecimento das letras e do modo de associá-las, mas usar esse conhecimento em benefício de formas de expressão e comunicação, reconhecidas e necessárias em um determinado contexto cultural, letramento depende da alfabetização, ou seja, da teoria e prática, pessoas letradas e não alfabetizadas mesmo incapazes de ler e escrever compreendem os papeis sociais da escrita distinguem gêneros ou reconhecem as diferenças entre a língua escrita e a oralidade.